segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Encontrei tua face

Procurei tua face, meu Deus
Procurei mas não pude encontrar
Onde estás? O meu ser assim perguntou
Resposta nenhuma encontrou
Procurei a mim mesmo, então
Encontrei muito mais solidão
Me perdi na estrada que eu tracei
Tua face eu não encontrei
Procurei a Deus, não achei
Procurei a mim, me perdi
Procurei o outro
E encontrei os três
Surpresa que a vida me fez
Deus quer ser encontrado assim
No irmão que precisa de mim
Sua face ninguém pode encontrar
Se ao outro não puder amar
É a estrada que tenho de andar
Se quiser a mim mesmo encontrar
Ela passa por quem a meu lado está
E a Deus ela conduzirá
(Pe. Reginaldo Carreira)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

...?...?...?...

Saudade, amada saudade
Saudade tão terna
Saudade tão tranquilizadora
É cuidado do Amor
Saudade tão desejada
Saudade tão livre
É graça do Amor
Tentativas em vão
Tentar tirar você do coração
Igual querer viver sem respirar
Saudade tão bem-vinda

...?...?...?...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Triunfo dos corações abandonados (Sl 153)

Todo louvor ao Rei dos reis, soberano sobre todos os povos.
Poderoso és, ó Deus de Jacó, aquele a quem pertence a casa de Israel.
Ao Deus grandioso toda honra e glória.
A quem recorrer ao chorar nossas lágrimas?
Nossos filhos, batendo no peito, elevam seu clamor àquele que é.
Ao Senhor dos Exércitos, àquele que nos concederá a vitória.
O inimigo cerca-nos e, a todo instante, procura brechas na cidade murada.
Incansavelmente ataca, dispersando o rebanho.
Com investidas sorrateiras, destrói pelo fogo os trigais e arranca o fruto das vinhas, outrora consagradas pelo sangue do Cordeiro.
Sutilmente inebria os filhos de Israel e estes, como que por um encantamento, envolvem-se em suas mentiras.
O espírito enganador corrompe os pensamentos, desvela a verdade da fraqueza humana, semeia a crença de que a raça escolhida conhecerá a derrota.
Mas é o braço poderoso do Senhor, a proteção de Israel.
É dele que procede toda a autoridade sobre a cidade eleita.
O Senhor dos Exércitos fará cair por terra toda farsa dos corações corrompidos.
Com Ele triunfarão unicamente os corações abandonados.

Não se perturbe vosso coração (Sl 152)

Senhor tu és o Deus que tudo sabe
Que conhece os pensamentos mais ocultos
O que me afliges tu conheces
Tu sabes o que me aperta o peito
Das minhas preocupações és consciente
Consolando minha lenta alma, perguntas:
Por que te inquietas terra eleita?
Bem sabeis que nada ocorre fora de meus desígnios
Não há santo como é santo o Senhor Deus
Ninguém é forte à semelhança do Senhor
Não falarei tantas palavras orgulhosas
Nem meus lábios proferirão arrogâncias
Dá-me Senhor um coração confiante
Um coração reconhecido da própria impotência
Um coração que entenda o teu tempo
Um coração que espere e não mais se perturbe

Em: 8 de julho de 2010

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Da Reconstrução de Israel (Sl 151)

Reconstrói, ó Senhor, Jerusalém

Seja ela um vaso novo para receber teu vinho
Se Israel desejar novamente estar entre os mortos
Isto não lhe será permitido
Pois em seu favor, arma-se o exército do Senhor

Ao Senhor pertence Jerusalém
É o Senhor dos Exércitos que defende os seus muros
É o Senhor onipotente que esmaga seus inimigos
E reconstrói, sem cessar, suas muralhas

Ó Sião, és preciosa em demasia para Deus
És predileta dentre todas as nações
O olhar do Senhor te constrange
Tua defesa é o Senhor e aquele que atentar contra ti será derrubado
Pois é o braço forte do Senhor que te sustenta

Somente ouvirás o teu Deus e seguirás seus preceitos
Somente honrarás o teu Deus e diante Dele inclinarás a cabeça
E serão teus dias de glória, assim perpetuados
E tua plenitude durará eternamente
Pois assim fala o Senhor, a proteção de Israel

Teus vales serão aplainados
E tuas montanhas, rebaixadas
A mão direita do Senhor te ergue
E com a esquerda Ele recolhe tuas lágrimas
O Senhor desvia o curso das fontes e rega teus jardins
Seu louvor está sempre em tua boca, ó frágil e bela cidade
Assim fala o Senhor dos exércitos, reconstrutor de Israel

Em: 05 de março de 2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

Reconhecimento do coração orgulhoso

Recebe Senhor meu coração penitente
Pois como a terra sedenta e sem água,
Meu coração tem sede de vós
Recebe Senhor meu coração vacilante
Coração temeroso, mas que se reconhece dependente do teu amor
Recebe Senhor meu coração prepotente
Meu coração orgulhoso que tantas vezes encoraja-se em dizer-te não
Meu coração audacioso que finge não conhecer teus preceitos e nada saber de tuas leis
Meu coração relutante que teima em abafar tua voz tão clara e ecoante em minha alma
Coração arrogante que desrespeitando tua majestade desobedece teus pedidos
Coração indigno de tanto amor, embora eleito por tua misericórdia
Coração desmerecedor, mas sempre e para sempre eleito como tua morada.

Em: 4 de julho de 2010

Loucura para os homens

É loucura para os homens não seguir a ordem natural das coisas, não continuar no caminho determinado pela sociedade: estudo, trabalho, casamento, trabalho, filhos, trabalho...
Como pode nada satisfazer, nada é suficiente; sempre buscando a saciedade e nada é suficiente; sempre desejando completar-se e nada é suficiente. Como a amada que procura seu esposo no desalento da noite, busca ansiosa minha alma pelo Rei. Como seguir a ordem, se na ordem Ele não está. Como beber e saciar-se com o vinho que não vem das videiras reais.
Minha alma tão desejosa, frágil e sedenta necessita por 24 horas diárias estar aos pés do Amor, necessita a todo instante escolher a melhor parte. Não pode estar fora se Ele está dentro, nem pode caminhar se não for Ele o guia.
Abençoados os pecados que permitem tamanha loucura. Abençoada sede que permite tamanha intimidade.  É o dar mais que receber, o consolar mais que ser consolado, o compreender mais que ser compreendido, o amar mais que ser amado.
Loucura para os homens para mim será vida eterna.


Em: 4 de maio de 2010

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Comunidade de Vida: Artimanha do Amor

Artimanha do amor que atrai os corações mais dependentes. Corações fortes, convictos de seus ideais. Corações com metas e planos tão sonhados e tão fortemente defendidos. Vestem-se destes planos, destes sonhos para cumprir o ritual da vida. Trajam-se das seguranças firmadas em terreno arenoso.
E quando o Amor os encontra... Ah, quando o Amor os encontra... Tal como num espelho vêem sua verdade. E quando o Amor os atrai... Ah, quando o Amor os atrai... Mesmo contra a vontade, rasgam suas vestes, reconhecendo o traje que os escondia de si mesmos. Escondidos em suas seguranças, protegidos por seus ideais, camuflados em seus projetos, encobertos por sua suposta força. Descobrem-se dependentes. Uma vez dependentes, submetem-se ao que é Absoluto. Reconhecendo-se sem direito algum, rompem o casulo montado de planos e sonhos que os protegera. Caem na artimanha do amor verdade, do amor essência. O amor que inebria, que encanta, força impossível de resistir. E após esta verdade, como um peixe vivo, poderá amor-sentido, viver fora da água fria... Como poderá, amor-saciedade, viver sem a tua companhia...

Em: 28 de junho de 2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Se eu tivesse o dom das lágrimas

Ah, se eu tivesse o dom das lágrimas, o dom de pôr para fora de mim tudo o que carrego. Ah, se eu tivesse o dom das lágrimas, tanto mais livre ficaria, tanto menos guardaria. Se eu tivesse o dom das lágrimas, não me esconderia por trás dos meus sorrisos, permitiria então, expor meu coração e seus diversos adornos. No silêncio não ficaria e talvez até chegasse mais perto do limiar do teu mistério de amor... Talvez, só talvez... Quanta falta me faz, algumas vezes (não todas), sentir gotas de um pranto rolar em meu rosto descansado em minhas mãos. Talvez consolar-me-ia e aquietaria os meus sentimentos, os meus anseios, as minhas dores. Contudo, talvez queira teu jeito de me ensinar falar-me de outro dom, o do silêncio. Certa vez, um anjo, minha irmã, falou-me de lágrimas escondidas, falou-me dos meus silêncios, dizendo-me que Tu és pleno nos corações silenciosos. Se eu tivesse o dom das lágrimas, deixaria a mostra o quanto dói ter o coração rasgado, mexido, sendo aberto por tuas profundas e delicadas palavras. Quem sabe as lágrimas escondidas sejam a tua maneira de me fazer guardar tudo, bem lá dentro, naquele cantinho onde me escondo, ora a Ti procurar, ora a não querer te ver. Lágrimas escondidas nos silêncios que somente aqueles que me conhecem como tu me conheces sabem ouvir. Lágrimas escondidas nos silêncios ecoantes apenas para Ti. Ah, se eu tivesse o dom das lágrimas, a tua privacidade eu quebraria e não guardaria o teu mistério de amor.

Em: 25 de setembro de 2010

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

... ... ...


A saudade muda de rosto, mas não de coração.
A saudade muda de sorriso, mas não de beleza.
A saudade muda de nome, mas não de identidade
A saudade muda de lugar, mas não de profundidade.
A saudade muda de datas, mas não de importância.
A saudade muda de idioma, mas não de essência.
A saudade muda de melodia, mas não de palavras.
A saudade é divinamente onipresente.



Viviane Frutuoso,
minha flor de FP.

Jesus Aprontando, de Alexandre Sousa

JESUS APRONTANDO


O Sol raiando
O vento soprando
O orvalho pingando
Os pássaros gorjeando
É Jesus aprontando!

O gato miando
O cachorro acordando
O galo cantando
As galinhas ciscando
É Jesus aprontando!

O mato perfumando
O gado pastando
A chuva ameaçando
A raposa se casando
É Jesus aprontando!

O sabiá sabiando
A manga amarelando
O caju avermelhando
O bicho-de-pé coçando
É Jesus aprontando!

A tapioca assando
O café cheirando
O bebê chorando
A mãe acalentando
É Jesus aprontando!

O sino badalando
O padre chamando
Os fiéis andando
Minha vó rezando
É Jesus aprontando!

Eu despertando
Da rede levantando
O corpo esticando
E tudo contemplando
É Jesus me amando!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Noite Escura

Em um noite escura,
De amor em vivas
Ânsias inflamada,
Oh! Ditosa ventura!
Sai sem ser notada,
Já estando minha casa sossegada.
Em uma noite escura,
De amor em vivas
Ânsias inflamada,
Oh! Ditosa ventura!
Saí sem ser notada,
Já estando minha casa sossegada.
Na escuridão, segura,
Pela secreta escada, disfarçada,
Oh! Ditosa ventura!
Na escuridão, velada,
Já estando minha casa sossegada.
Em noite tão ditosa,
E num segredo em que ninguém me via,
Nem eu olhava coisa,
Sem outra luz nem guia
Além da que no coração me ardia.
Essa luz me guiava,
Com mais clareza que a do meio dia
Aonde me esperava
Quem eu bem conhecia
Em sitio onde ninguém aparecia.
(São João da Cruz)

domingo, 28 de novembro de 2010

Saudade

Saudade, tamanha saudade
Mais que o vigia espera pela aurora
Suspira meu coração por vós, ó amor
Meu coração arde de amor por ti
Brasa que queima minha alma
E, quebrando todos os laços que me amarram
Purificam a obra de tuas mãos.
É assim o caminho dos que seguem o amor
Provados no fogo e forjados como ouro
Preciosos e protegidos e para sempre eleitos
Tem seus nomes gravados no coração perfurado pela lança bendita
Banhados incessantemente pelo sangue e pela água
Mais que a corça suspira pelas águas correntes
Anseia minha alma por ti, ó amor
Saudade tamanha, mesmo com tua presença
Saudade e paz intermináveis

Deserto de minh'alma

O deserto de minh’alma,
disfarçado em véu de severidade,
retira de mim tudo que me é seguro,
afasta de mim tudo aquilo que amo.
O deserto de minh’alma
impõe a mim solidão
e bruscamente a escuridão.
Aventura tão amável,
prosseguida a lentos passos.
Passos trôpegos, ainda que determinados,
forçados e fortificados pelo amor.
O local da intimidade para onde os mais necessitados e, não menos, corajosos são convidados.
Um sítio do amor bastante, do amor quietante.
No deserto de minh’alma sou guiada apenas pela luz que arde em meu peito.
Velada pela escuridão que me impunha fitar somente o amor.
Quão indesejado foste, deserto de minh’alma,
com minhas fraquezas, afastado.
Quão desejado és agora, aconchego do íntimo amor.
O doce deserto de minh’alma enlaça-me ao amor.
Em segredo deixo-me ficar.
Meus cuidados, meus amores perdidos e seguros estão no amor.
O deserto de minh’alma, outrora seco e temeroso,
já doce e seguro afirma-se, pelo amor afagado.

Construção da Intimidade

No deserto vagueia minh’alma, norteada pelo amor, pelo desejo do amor. Minha pobre alma tem sede e por isso vai, entra, pisa a areia quente. Não leva consigo nem alimento, nem duas túnicas. Foi esta a condição que o amor me exigiu. Ao deserto são conduzidos aqueles que permitem intimidade. Intimidade forjada no amor, na sedução do amor que não prende, mas solta num laço do qual insano é desvencilhar-se. Nada carrega minha alma, apenas seu vaso. A cada passo este vaso é rachado e vai deixando cair ao chão sua água. E queima o sol. A água é sugada pela areia  fofa, é peneirada, é desfeita. É o desejo de intimidade que me faz seguir, que não me permite aparar o que cai do meu vaso rachado. É a certeza de que bem lá na frente existe uma fonte, uma fonte de vida. Meu vaso, ao longo do caminho, enquanto subo e desço dunas, enquanto tropeço em alguma pedra e caio, enquanto a luz do sol arde em meus olhos e, mesmo  assim, estendo a mão e sou levantada, rachará, quebrará e eu juntarei os pedaços. Meus pedaços seguirão nas mãos do amor até o final, até que eu alcance a perfeita intimidade.

Em 22.out.10

Um caminho só me resta

Como dói abrir o coração e entender as suas verdades
Como dói entrar em solidão e deixar Deus moldar
Quebrar e juntar
Derrubar e levantar
Tudo sabes, tudo sabes
Sabes como atravessar esse vale escuro
Sabes como chegar ao outro lado
Preciso deixar, preciso permitir
Que tu entres em mim e me refaça
Apesar de toda dor, apesar de toda lágrima
Preciso deixar o teu amor me sarar
A quem irei, Senhor
Um caminho só me resta
Para ter água viva
A cruz devo abraçar


Num tempo de dor, de separação, de distâncias bem mais dolorosas que as físicas. 
Tempo em que Deus arrancou de mim algo bem caro.
Tempo de aceitar Deus me fazer aprender a amar mais.
08.out.10

Para sempre seguir-te e não voltar atrás

Que estranha misericórdia.
Que estranho jeito de me fazer crescer, de me ensinar.
Que educação é essa tua que rasga o meu peito, que tira de mim minhas preciosidades.
Por que, Senhor, me tiraste da terra do Egito e me conduz agora por este campo árido, por este deserto desalmado que não se compadece das almas que nele entram.
Pensas tu que poderei atravessá-lo? Pensas tu que conseguirei suportar a todas essas lamentações? Pensas tu que comendo deste pão das lágrimas terei forças para chegar ao outro lado?
Ou acaso é desejo teu que dele eu não saia viva? É teu desejo retirar tudo de mim? Desejas despir-me e expor-me?
Que modo tão estranho tens de amar teus escolhidos. Desejas que eu morra de saudades de ti. Desejas que eu esteja verdadeiramente em solidão e verdadeiramente te espere mais do que espera o vigia pela aurora.
Não percebes que posso não resistir às provas. Não percebes que o exílio é o começo da minha morte?
Desejas matar-me! Desejas matar-me!
Por que cedi aos teus encantos, Senhor?
Por que decidi para sempre seguir-te e não voltar atrás?

Resistindo em crescer, em 30.set.10

Chamado


Está aberta no coração de Deus, uma fenda, para que eu, com minha miséria, possa entrar e quedar. Incipiente nos teus caminhos, terei de esperar os teus desígnios a cada manhã. A cada momento me chamas a amar, a cuidar. E nesse ínterim, passo a passo, vou percorrendo as vias do teu coração sagrado. Gotas do teu sangue purificador banham-se os pés e transbordam deste abrigo onde me queres resguardar.
E de onde vem esta luz tão branca, incandescente, que me toma e me impede de ver o próximo passo? Tua misericórdia me constrange.
Encontraste uma maneira de aprisionar-me, de modo que em teus retos caminhos eu permaneça e meus pés não vacilem, de modo que desconhecendo teus planos futuros, deva eu, obrigatoriamente, consumir-me no hoje.
Pois bem, aqui estou, Senhor. Eu vim. Guia-me.

Em 09.fev.10

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Corações juntos sempre

És maior, és maior que tudo
Deus supremo, Senhor do mundo
Nada além da tua vontade
Nada aquém do teu querer
Assim, as vidas que a ti pertencem
Assim, os corações postos juntos a compartilhar
Juntos a erguer e sustentar a si mesmos
Juntos sempre
Tão intrínsecos um ao outro
Com destinos particularmente traçados
Corações selados e aprisionados
Sedentos e dependentes do teu amor
Minha preciosodade te entrego
Cuida, Senhor, e me ensina a cuidar
Protege, Senhor, e me ensina a proteger
Acolhe, Senhor, e me ensina a acolher
E me devolve, somente a parte que me cabe
Quando estiver pronta para receber.

À amiga distante, sempre mais amada...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Dentro e fora

Eis que estavas dentro e eu fora
Dentro estava a verdade
E eu vagueava por caminhos incertos, mas tão certos quanto minha inteligência poderia traçar.
Fora estavam as ilusões
E eu com elas estava, eu nelas estava, com elas me alimentava, embora eu própria as construisse.
Desenhava, recortava, apagava e escrevia, montava uma vida nas ilusões...
Elas me escondiam, de mim e de todos, me eram seguras, me davam o controle.
E dentro, dentro estava aquilo do qual me esquivava.
Cercado por muros, densos e fechados estava o meu eu...
Tão trancafiado ficava que eu mesma, vindo de fora, não podia penetrar dentro.
Dentro também estava o Amor, a consumir-se, a mostrar-se, a esforçar-se por libertar o meu eu, a querer-se íntimo.
Estava a luz que desejava irradiar para fora, tendo antes iluminado dentro.
Dentro estava a verdade, a verdadeira caridade.
É a verdade que me chama a pôr fim na minha surdez, que me chama a estar dentro, fora da escuridão das minhas ilusões.


À minha amada FP sem noção, que guia minhas descobertas.

domingo, 7 de novembro de 2010

Prece da amizade

Conduz-me, Esposo de minh'alma
pelo caminho da liberdade na amizade
esteja, Senhor, o meu coração aberto
para acolher e deixar-me ser acolhida
para cuidar e deixar-me ser cuidada
Permite-me, Amado meu, a vivência do amor verdadeiro
do amor que vem do teu coração
do amor que edifica e faz crescer
do amor que torna livre e leva ao céu
do amor que salva e tem em Ti o centro
Dá-me a graça de ser amigo
de ser sustento e de ser sustentada
por meus irmãos na caminhada
Que na busca da santidade daqueles que me confiares
possa eu priorizar no coração deles o teu espaço
e prezar pela realização da tua vontade
Desejo, Senhor, assim livre amar a Ti nos meus amigos.

sábado, 6 de novembro de 2010

Sede de Deus

Assim como a corça suspira pelas águas correntes,
Suspira igualmente minh’alma por vós, ó meu Deus!

Angústia suprema
Tormento da alma
Onde está o meu Deus?
Onde se esconde o meu Senhor?

Migalhas são a mim oferecidas
Para todos a minha volta são como tesouros
Poderei contentar-me e sufocar o meu grito?
Poderei beber e saciar minha sede?

Assim como a corça suspira pelas águas correntes,
Suspira igualmente minh’alma por vós, ó meu Deus!

Um tesouro vão
Novamente bebi e não me saciei
Aí, meu Amado não está
Aí, meu amor não construiu nossa casa

Minha alma arde no peito
Pois a ferida está pelo amor
Com o que me trouxeram não cicatrizou
Pois, aí, não encontro meu Senhor

Assim como a corça suspira pelas águas correntes,
Suspira igualmente minh’alma por vós, ó meu Deus!

Vinde, ó meu Deus, achega-te a mim
Sacia meu ser, cura esta dor
Minha alma ansiosamente espera
Não desprezeis meu coração sedento
Sempre mostrai-me vossa face
Pois minha alma desfalece de saudade